No sábado, 30/09/17, organizamos e participamos da Jornada Capixaba de Psicologia na Saúde, para debater sobre a interface Psicologia e Saúde em conjuntos com amigas, amigos e colegas profissionais da psicologia de diferentes lugares, teorias e formas de atuação. A jornada foi marcada pela vontade de compartilhar e trocar informações, construindo conhecimentos em conjunto. Foi possível conhecer melhor a realidade da Saúde no estado do Espírito Santo, as dificuldades que temos encontrado no Sistema Único de Saúde, diferentes questões que permeiam as práticas profissionais nas unidades básicas, nos hospitais, nos centros de atenção psicossocial, assim como o que tem sido realizado pelos colegas da psicologia em outras cidades do estado.
Agradecemos pela participação e o envolvimento de todas e de todos!
Abaixo, apresentamos nossa fala na abertura da Jornada, que versa sobre a importância de se trabalhar em conjunto para a construção de espaços de debate e compartilhamento de experiências. Um trecho desta fala está gravada em vídeo.
Flávio Mendes,
Psicólogo psicanalista em Vitória/ES.
“Abertura da Jornada Capixaba de Psicologia na Saúde”
Bom dia a todas e a todos,
Sejam bem-vindas e bem-vindos à Jornada Capixaba de Psicologia da Saúde.
Quero iniciar minha fala pelos agradecimentos, por conta da dimensão que o evento ganhou, e de como estou satisfeito com isso, e acredito que a organização como um todo também. Faço quatro agradecimentos, que são os seguintes.
Agradeço à toda a equipe de organização da Jornada, que aceitou o convite de construir um evento sobre Psicologia e Saúde, confiando de alguma forma na proposta que lancei no começo do ano. Sem vocês esse evento não seria possível. Ele aconteceria, mas seria muito menor e mais enxuto, embora não menos valioso.
Agradeço aos convidados que aceitaram participar conosco das mesas de abertura e dos eixos temáticos, para apresentar nesse dia aspectos importantes das instituições relacionadas à psicologia e à saúde e, também, aos trabalhos realizados na área.
Agradeço aos participantes que nos enviaram trabalhos e que aceitaram estar conosco apresentando suas atividades, sejam de estágio ou profissionais, de intervenções ou de pesquisas.
E agradeço, por fim, a todas e a todos vocês que aceitaram estar aqui conosco nesse dia para discutir Psicologia e Saúde.
Muito obrigado pelo envolvimento de vocês!
Acredito que a Jornada seja um exemplo vivo de que “um sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”, não pelo sonho, mas pela sustentação desse sonho, e, mais, pela participação e envolvimento coletivos. Quero acreditar que este espírito que nos manteve dispostos é um equivalente, se assim posso dizer, daquele que marcou no Brasil as lutas e manifestações que construíram nossa Constituição e, também, nosso Sistema de Seguridade Social, que hoje tem sofrido severos ataques.
Em um momento no qual o Brasil vem passando por um conjunto de retrocessos por conta de sua condição política, econômica, social e midiática, dentre os quais os retrocessos na seguridade, como o desmonte do SUS, a precarização das condições de empregabilidade e aposentadoria, a participação coletiva se coloca como um desafio e um instrumento potente de fortalecimento das lutas. Esses não são os únicos problemas, entretanto. Temos também a questão do feminicidio, que ao menos está mais evidente no campo dos debates, a das comunidades terapêuticas e a liminar que abre precedentes para a (re)orientação sexual. Faço lembrar de algo positivo que aconteceu, recentemente, que é a possibilidade dos usuários de planos de saúde não terem acesso limitado aos tratamentos psicológicos, que uma vitória.
A proposta de debater os desafios da atualidade toca tanto nos aspectos sociais dos processos de saúde, quanto nos aspectos clínicos, e penso que um evento que os abarcasse seria bastante satisfatório. Sabemos que a área da saúde é a que mais abarca profissionais da psicologia, pela grande demanda nos diferentes serviços, sejam eles nas unidades de saúde, nos centros de atenção psicossocial, nos hospitais, nas residências terapêuticas, nas clínicas psicológicas e em outros serviços, independentemente do âmbito público ou privado, por iniciativa autônoma, por emprego ou concurso. Desde o começo da organização da Jornada, já pensávamos em criar um espaço de interlocução e diálogo. Em nossa primeira reunião para pensar um evento sobre psicologia e saúde, perguntei aos demais por que eles estavam topando essa empreitada, e a resposta unanime foi a de que temos poucos espaços para debater assuntos relacionados à essa interface. Nosso estado carece de espaços que propiciem os debates dos processos psicológicos e de saúde, e a Jornada foi construída pensando em apontar os nossos olhares para essa carência.
Neste dia teremos quatro mesas de discussão. A mesa de abertura, para a qual convidamos representantes de diferentes instituições de valor significativo para a psicologia no estado, a Mesa dos eixos temáticos, chamada Saúde, Sociedade e Práticas Clínicas, com convidados que falarão de sua inserção nos diferentes campos de atenção na área da saúde, levantando questões sociais e técnicas, e as mesas de apresentações de trabalhos, com interessantes trabalhos que temos realizado com a temática psicologia e saúde.
Que cada uma e cada um de nós possamos nos envolver com a Jornada, tanto no interesse de participar das apresentações e dos debates, quanto no de tomar para si a intenção de sonhar e construir novos espaços de debates entre psicólogas e psicólogos, assim como com outros profissionais, para pensar o tema Saúde, e outros mais.
Meu muito obrigado!