Clicky

Nos dias 04 e 05 de Novembro de 2016 participamos da Jornada “O Sintoma: a Clínica Psicanalítica Hoje”. Foi um ótimo evento, pois permitiu pensar em diferentes aspectos da clínica da psicanálise na atualidade. Fizemos diversos registros ao longo da jornada por conta de provocações e reflexões. É um material interessante para pensar o contemporâneo, a teoria e a clínica psicanalítica. Transcrevemos para que você também tenha acesso. Boa leitura e boas reflexões!

1) “Esse desprazer trazia uma satisfação pulsional”. (Marcelo Kill) – É possível que haja desprazer realizando diversas coisas que, apesar desse mal-estar, permitem a satisfação das pulsões.

2) “Essa pedrinha [no sapato, o sintoma] é algo que desarranja o que estava arranjado, é um encontro faltoso, algo que desarruma”. (Marcelo Kill)

3) “O analista passa a fazer parte das formações do inconsciente do paciente. As interpretações do psicanalista ganham valor decifratório para o paciente”. (Marcelo Kill)

4) “Fazer da pedrinha do seu sapato, que o incomodava, a sua pedrinha, e fazer alguma coisa com ela, até mesmo tirá-la de lá”. (Marcelo Kill)

5) “É importante a gente fazer essa diferença entre os finais de análise dos analistas e os finais de análise das demais pessoas. […] leitor de seu próprio sintoma. Os efeitos que isso produz para o próprio sujeito é fenomenal; isso para as pessoas que não querem se formar psicanalistas. É diferente duma análise de alguém que tem o compromisso com a transmissão”. (Teresa Nazar)

6) “Não é a toa que ela [Macabéia – A Hora de Estrela, Clarice Linspector] foi atropelada, ela está fora do tempo” (Teresa Nazar). Entendi o tempo como o “timing” do contar do relógio interno.

7) “A análise não consiste em se separar dos sintomas mas de entender porque se está enredado neles, ela tem a ver com o saber”. (Vanda Figueiredo)

9) “Trata-se de utilizar o dizer de forma que a fala provoque o efeito que permita o equívoco” (Lacan, Seminário 23, o Sinthoma) – Lacan sempre manteve a questão do equívoco e do ressoar. No seminário 1 ele já falava da verdade surgir da equivocação.

10) “Quando esqueço o nome de uma pessoa que tem o mesmo nome que o meu, eu estou esquecendo o meu nome?” (Maria Teresa Melloni)

11) “Quando me chamam de algum nome, como sabem que esse sou eu?” (Maria Teresa Melloni)

12) “O valor de uma interpretação é uma equivocação” (Lacan, O Aturdito)

13) “A equivocação é esse espaço intervalar entre dois significantes, não é um nem outro”. (Maria Teresa Melloni)

14) “Ao dizer ‘eu me chamo’ há um eu que chama e um eu que é chamado, há um ruído”. (Maria Teresa Melloni)

15) “O nome próprio é o nome da coisa e não do sujeito”. (Maria Teresa Melloni)

16) “Como abrir mão desse eu ideal? Como deixar cair esse ideal que é o do outro? Que o sujeito, na sua origem, se abriga no outro?”. (Maria Teresa Melloni)

17) “O sujeito tem que largar mão de seu lugar de aprovação, de reconhecimento na relação com o outro, até para ele conseguir assumir, e se dizer algo ali onde você não vai ser reconhecido pelo Outro. Enquanto você está atrelado ao Outro, você está no lugar de sintoma, saindo disso é que você pode se decidir sobre o seu nome”. (Maria Teresa Melloni)

18) “É com risco que se escreve” (Douglas Salomão)

19) “A neurose é a interpretação da infância”. (Maria Teresa Melloni)

20) “O que une o corpo real com o corpo simbólico, a palavra, é a letra”. (Maria Teresa Melloni)

21) “Na contemporaneidade sabe-se de tudo, mas é um saber desprovido da experiência, é um acúmulo de informação, e isso quebra a transmissão da diferença”. (Teresa Nazar)

22 “A definição da psicanálise é ‘o que é a psicanálise?’ (Plinio Leite) – a definição ela é uma questão e não uma resposta pedagógica. O ponto é como colocar a psicanálise em questão na universidade e nos outros espaços.

23) “Na inibição, o desafio é sintomatizá-la” (Sérgio Prestes)

24) “A inibição é o sintoma posto no meu” (Lacan) – ele está preservado e fora de circulação. Se forçar demais, a inibição pula para a angústia.

25) “A saída não está em sustentar um ideal ou controlar o tempo da internet [do adolescente], mas de responsabilizar a escolha de gozo”. (Sérgio Prestes)

26) “Um sujeito que não sabe que sabe procura um outro a quem supõe saber mas que não sabe”. (Claudia Pretti)

27) “Vivemos hoje imperativamente a possibilidade de satisfazer todas as nossas necessidades”. (Claudia Pretti)

28) “Se para que o desejo venha, a demanda não pode ser respondida, como manejar essa situação na contemporaneidade?”. (Claudia Pretti)

29) Tem sido comum receber pacientes que não demandam embora peçam ajudam, que não associem embora falem muito, que não se vinculem embora estejam ali presentes”. (Claudia Pretti)

30) “Ela opera pela responsabilização, pelo equívoco, pelo deslocamento de gozo, instrumentos da clínica do Real”. (Claudia Pretti)

31) “Intervir de uma maneira sóbria de preferência eficaz”. (Claudia Pretti)

33) No momento em que o paciente trouxe uma resistência ao analista visando encerrar o tratamento, acreditando que nada se resolveria pois foi o que o analista anterior lhe dissera – que o problema não se resolve -, o analista atual interviu dizendo que talvez o paciente esperasse que este lhe dissesse o mesmo que o anterior, confirmando-o, mas agora, quem falaria seria o paciente. Diante disso, convidou-o ao divã para que falasse disso.

33) “O psicanalista para o perverso é um Sujeito Suposto Gozar”. (Abílio Ribeiro)

34) “Sem o humor, não há nada”. (Abílio Ribeiro)

35) “Em relação à sexualidade, o virtual oferece a masturbação como prática sexual”. (Cristina Gomes)

36) “Que tipo de laço pode ou não sustentar as relações entre os psicanalistas?” (Teresa Nazar)

37) “Um estrangeiro em sua própria vida, um errante sem condições de conseguir dar prosseguimento. […]. Ele perdeu o hábito de se perguntar sobre si mesmo”. (Teresa Nazar, sobre o personagem do livro O Estrangeiro, Albert Camus)

38) “Uma análise levada a bom termo tem a perspectiva de um amor diferente das paixões […] onde o amor pode acontecer não como proteção contra o real mas como entusiasmo”. (Teresa Nazar)

39) “A função do psicanalista não é fazer um novo discurso mas furar discurso para que um outro emerja”. (Maria Teresa Melloni)

40) “Amor á diferença, da questão da amizade, coloca um questionamento sobre o fim da análise”. (Sérgio Prestes)

41) “O desafio da psicanálise é fazer semblantes” (Maria Teresa Melloni)

42) “O único afeto que permite esse laço [entre psicanalistas] é a amizade”. (Teresa Nazar)

43) “Sintoma é um acontecimento de corpo”. (Lacan, seminário 23, o Sinthoma)

Abraço!

Deixe seu comentário

comentários

Deixe um comentário